As queimaduras estão entre os traumas mais difíceis de enfrentar na medicina. Em muitos casos, essas lesões mudam completamente a vida de uma pessoa de uma hora pra outra. E a dor física, por mais intensa que seja, é só o ponto de partida. O impacto emocional, as limitações no dia a dia e as marcas, tanto as que se veem quanto as que ficam por dentro, também devem ser consideradas.
Diante disso, pensar só na cicatrização da pele não é suficiente. O verdadeiro desafio está em ajudar o paciente a retomar a própria rotina, resgatar a autoestima e enxergar novas possibilidades de bem-estar. Cada decisão tomada no cuidado faz diferença, desde a escolha dos curativos até a forma como o atendimento é conduzido.
Neste artigo, a ideia é falar justamente sobre isso: por que a recuperação de vítimas de queimaduras precisa ir além do básico. Porque, no fim das contas, não se trata apenas da lesão, mas da pessoa que está por trás dela.
E os profissionais de saúde têm um papel essencial para que esse recomeço aconteça de forma digna.
Boa leitura!
O que são queimaduras e por que elas impactam tanto a vida?
Queimaduras são lesões causadas por calor, eletricidade, produtos químicos, radiação ou até frio intenso. Dependendo da gravidade, elas podem atingir não só a pele, mas também músculos, nervos e até ossos. O resultado disso pode ser limitação de movimentos, dor, cicatrizes visíveis e, muitas vezes, uma grande mudança na autoestima e no convívio social.
Queimaduras são uma condição aguda e crônica debilitante, que pode levar à perda de funcionalidade, deformidades e até isolamento social. O impacto vai da vida pessoal à profissional, exigindo uma reconstrução da autoestima e da rotina do paciente.
O peso invisível das queimaduras
Engana-se quem pensa que apenas a dor física acomete pessoas vítimas de queimaduras. Também é preciso considerar o peso invisível, que pode envolver ansiedade, depressão, medo de sair na rua e vergonha das cicatrizes. E isso não é só percepção, pois um estudo publicado na Revista Escola Anna Nery mostrou que, após a alta hospitalar, a maioria das vítimas relata mudanças no papel social e no relacionamento interpessoal, principalmente no primeiro ano. O afastamento do trabalho e a mudança no comportamento das pessoas próximas por conta das marcas corporais são comuns, afetando diretamente a qualidade de vida de pessoas com queimaduras.
Além disso, as manifestações físicas, psicológicas e psicossociais podem comprometer profundamente a qualidade de vida dos pacientes queimados. Problemas emocionais e a gravidade das lesões caminham juntos, tornando o processo de reabilitação ainda mais desafiador.
Nesse sentido, o tratamento multidisciplinar, feito por uma equipe qualificada e que entende profundamente sobre o assunto, faz toda a diferença. E não é exagero afirmar: cada profissional tem um papel fundamental para devolver autonomia e bem-estar ao paciente.
Reabilitação: o segredo está no time
A fisioterapia tem um papel importantíssimo na recuperação de queimados. O paciente encontra na especialidade um recurso de grande valor, com técnicas como posicionamento no leito, uso de órteses, cinesioterapia, massagem e fisioterapia respiratória. Tudo isso ajuda a manter a amplitude de movimento, reduzir riscos de infecção, promover independência e elevar a autoestima, reintegrando o paciente ao convívio social. Algo extremamente importante e que contribui demais para a recuperação da qualidade de vida do indivíduo.
Nutrição: combustível para cicatrizar
Poucas pessoas sabem, mas o corpo de um paciente queimado consome mais energia do que o normal devido a mudança metabólica influenciada pelo acidente. Assim a alimentação reforçada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é fundamental para a cicatrização e prevenção de infecções.
Saúde mental: tão importante quanto curar a pele
Não adianta cuidar só do físico e esquecer de questões psicossociais. O trauma de uma queimadura pode deixar marcas profundas, e o acompanhamento psicológico é essencial para reconstruir a autoestima, lidar com o medo e a ansiedade e encontrar forças para seguir em frente.
Queimaduras e qualidade de vida: o que dizem os estudos?
O mesmo estudo da Revista Escola Anna Nery acompanhou adultos que sofreram queimaduras e analisou como eles se sentiam entre o 4º e o 12º mês depois da alta hospitalar. Os dados mostram algo importante: com o passar do tempo, a percepção de qualidade de vida melhora, especialmente nos aspectos físico e emocional.
Homens relataram menos dor nesse período, e os pacientes que tinham cicatrizes menos visíveis se saíram melhor nas avaliações sobre saúde geral, energia, vida social e estado emocional, principalmente entre o 9º e o 12º mês após a lesão.
Ou seja, logo após o acidente, é natural que a qualidade de vida esteja mais comprometida. Mas, com um tratamento bem conduzido e apoio emocional constante, a tendência é de melhora, tanto física quanto psicológica.
O papel da família e da sociedade
Ninguém passa por uma queimadura grave sozinho. O apoio da família, dos amigos e da comunidade é essencial para a recuperação. Muitas vezes, o preconceito e a falta de informação dificultam ainda mais a vida de quem já está lutando para se reerguer. Por isso, campanhas de conscientização e inclusão são tão importantes quanto o tratamento médico.
Prevenção: o melhor remédio
A maioria dos acidentes com queimaduras poderia ser evitada. Cuidados simples em casa, no trabalho e no lazer fazem toda a diferença. E, claro, em caso de acidente, procurar ajuda médica imediatamente é fundamental para evitar complicações.
Casos reais: o impacto das queimaduras elétricas
Você sabia que queimaduras elétricas representam de 3% a 5% dos casos, mas são responsáveis por quase metade das mortes por queimadura no Brasil? E quando a vítima sobrevive, o desafio é gigantesco. Como em um caso retratado pela BBC Brasil, que contou a história de um jovem que perdeu os dois braços e uma perna após um choque elétrico enquanto empinava pipa. Ele precisou reaprender tudo — andar, comer, se vestir — e enfrentou um trauma psicológico enorme. Ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático são comuns nesses casos, mostrando como o impacto vai muito além do físico.
Esse tipo de queimadura exige um acompanhamento ainda mais intenso e prolongado, com fisioterapia, suporte psicológico e muita resiliência. O caso ilustra bem o quanto o tratamento correto e o apoio fazem diferença para que o paciente volte a ter qualidade de vida.
Resumindo: recuperação de queimaduras e qualidade de vida andam juntas
Se você chegou até aqui, já entendeu que a recuperação de queimaduras e qualidade de vida estão diretamente ligadas. O tratamento correto, feito por uma equipe multidisciplinar e com apoio psicológico, faz toda a diferença. E, mais do que isso, é preciso olhar para o paciente como um todo. Corpo, mente e coração.
A qualidade de vida de pessoas com queimaduras é impactada de várias formas, mas o tratamento adequado, aliado ao suporte familiar e social, pode transformar a dor em superação e recomeço.
Orientações essenciais que podem fazer a diferença no acompanhamento multiprofissional
- Incentive o paciente a buscar apoio e a manter uma rede de suporte, reforçando a importância do acolhimento durante a reabilitação.
- Reforce a adesão rigorosa às orientações médicas e de reabilitação, promovendo o engajamento ativo do paciente no tratamento.
- Oriente sobre a importância de uma alimentação adequada, destacando seu papel fundamental na cicatrização e prevenção de complicações.
- Esteja atento à saúde mental do paciente, promovendo o diálogo aberto e encaminhando para acompanhamento psicológico sempre que necessário.
- Lembre-se de que a recuperação é um processo gradual; estimule o paciente a respeitar seu próprio tempo e celebre cada avanço conquistado.
Conclusão: qualidade de vida deve ser prioridade no tratamento de queimaduras.
Quando falamos em queimaduras, qualidade de vida não é só um detalhe. É o fio condutor de todo o processo de recuperação. Não basta tratar a ferida, mas sim é preciso devolver ao paciente a chance de retomar sua rotina, resgatar a confiança e, aos poucos, reconstruir sua história. E, para que isso aconteça de verdade, contar também com soluções inovadoras e seguras faz toda a diferença no dia a dia dos profissionais de saúde.
A Veris, como distribuidora de soluções para a saúde, entende de perto os desafios enfrentados por quem está na linha de frente desse cuidado. Sabemos que cada escolha, seja um curativo, uma tecnologia ou um insumo, pode ser o ponto de virada na jornada de quem luta para superar as marcas das queimaduras. Por isso, investimos em inovação e buscamos, incansavelmente, produtos que realmente façam sentido para quem cuida.
Nosso compromisso é caminhar lado a lado com profissionais e instituições, somando forças para transformar desafios em novas possibilidades de bem-estar e autonomia para os pacientes.
Se você também acredita que qualidade de vida deve ser prioridade, conheça o portfólio da Veris e veja como podemos colaborar para o seu trabalho render ainda mais resultados positivos.
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Referências:
1 – Avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde no primeiro ano após queimaduras
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ean/a/CLb639mw8PbwhQVR7YVXzYz/?lang=pt
2 – “Fui pegar pipa e perdi braços e perna: choque elétrico” – BBC News Brasil
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72vrjv957lo